quarta-feira, setembro 10

Coisas que eu (não) sei...

Que eu me lembre, sempre fui uma pessoa meio desastrada. Meio estabanada, quebrava demais as coisas, bagunçada das idéias com as palavras, muito esquecida e meio doidinha da cabeça.

Lembro bem de um episódio que eu seria dama de honra do casamento de uns primos, que se casariam em Limeira (cidade vizinha à que eu nasci e cresci). Lembro da expectativa pelo meu vestido, fazer prova de cabelo, maquiagem, as unhas. Eu devia ter uns 9 ou 10 anos e estava me sentindo uma mocinha, finalmente!

No dia do ensaio na igreja, teríamos que ir todos para Limeira. Todos eu digo, os noivos, as damas, os pais dos noivos. Mas eles esqueceram de avisar meus pais.

Eu chegava do colégio as 17h30 em casa, e ficava na casa da minha avó, um quarteirão na frente, até meus pais chegarem em casa, por volta das 18h15. Eu estava tranquilinha lá, na casa da vovó, e resolvi ir pra casa mais cedo, pra ver algum programa na televisão. Como sempre tinha uma cópia da chave na casa da minha avó, peguei a chave e fui atravessar o que seria aqui em Brasília uma "quadra comercial".

No meio do caminhos chegaram meus primos. Estavam num golzinho branco e disseram que tinham esquecido de avisar do ensaio, e que precisávamos ir pra Limeira naquele instante. Que depois falariam com meus pais. Entrei no carro e rumamos todos pra lá - os pais do noivo, que é o meu primo de sangue, estavam a caminho em outro carro, e os pais da noiva já moravam em Limeira.

Ensaiamos uma gracinha, me senti toda-toda, vislumbrando o dia que eu me casasse, se meus primos seriam felizes, e por aí vai... NEM ME LEMBREI DOS MEUS PAIS. Como saímos tarde, estavam todos com fome, fomos numa carrocinha de sanduíche comer (coisa aliás que eu nunca vi em Brasília! lá é tão comum esses lanches na chapa!) e fomos de volta pra casa...

Quando cheguei em casa tinha até polícia na porta. Meus pais já tinham imaginado todo tipo de coisa ruim que poderia ter acontecido comigo, e apesar do meu primo tentar argumentar, meu pai fez O MAIOR ESCÂNDALO que era irresponsabilidade dele, que ele era um moleque, e que era irresponsabilidade minha também, afinal "eu não era mais criança pra avisar" mas "era criança demais pra tomar uma atitude assim" (eu odei essa fase!) e poderia ter pedido pra eles esperarem 2 minutos pra eu deixar recado com minha avó, ou um recado em casa, e que não ia me deixar ser a dama do casamento dos meus primos, como castigo por te-lo deixado tão preocupado comigo, que isso não era certo.

Chorei tanto, que eu não me lembro em que canto da casa eu dormi nesse dia. Estava tão mal, me sentia uma imbecil por não ter avisado, uma coisa tão simples e realmente tão necessária, mas eu estava tão encantada com a situação, que sei lá o que me deu... simplesmente como se mundo fosse em outra dimensão. Eu estava arrasada por não poder mais ser a dama no casamento e entendia que apesar de realmente ser uma coisa "séria" não era o maior absurdo do mundo! Ficava pensando que eles deveriam ter dado "Graças à Deus" por eu estar ali de volta, sã e salva.

Passou mais ou menos uma semana, fiquei de castigo e meu pai não queria nem papo com meu primo. Aí minha tia, irmã do meu pai, mãe do noivo, ligou pra ele no trabalho e depois de muito argumentar conseguiu que eu fosse a dama do casamento de novo; claro que com uma série de novas restrições do meu pai - do tipo "ela não poderá ir pra festa".

Hoje pensei nesse episódio pela sensação de arrependimento que eu senti durante aqueles dias. Até o dia do episódio, nunca havia desejado tanto voltar no tempo e reparar um erro meu. Lembrei disso tudo por me sentir tão pequena em notar que hoje, por diversas vezes esse sentimento me assombra, e eu fico perguntando, quando é que eu vou aprender que eu não vivo em um filme - por mais que minha vida pareça uma novela mexicana.

2 comentários:

Nathália disse...

nossa, cathy... me identifiquei tanto, tanto com esse post que não saberia explicar. só colocando em um abraço mesmo...

Diego disse...

cara...
acho q a nossa ligação é q nossas vidas parecem uma novela mexicana! haauhahuha

Mas heinn...e a dama de honra de um casamento que fui que tropeçou e as alianças voaram longe? Foram parar debaixo do altar com o barulhinho do anel quicando no mármore: plim! plim! plim! plim!